Estudiosos dos fenômenos comportamentais, especialmente daqueles que ocorrem em escala coletiva, têm apontado o individualismo, com a conseqüente diminuição da solidariedade como sendo uma característica marcante do tempo. E como sendo ainda, senão a causa, pelo menos um agravante dos muitos problemas com que se depara, hoje, a humanidade. O homem fechando-se para o próprio homem... Diante deste quadro, é reconfortante constatar que existe pessoas fazendo da solidariedade ativa a base de sua relação com o semelhante e fazendo-o anonimamente, tornando sem estardalhaços, com total isenção de outra na finalidade que não seja a de prestar um testemunho de confiança e amor à humanidade. Este é o caso dos Alcoólicos Anônimos, cujo trabalho deve constituir não apenas uma experiência merecedora de reconhecimento e aplausos, mas um exemplo a ser reproduzido nas mais diferentes áreas e campos da atividade humana. O fundamental no AA. é visualizar a pessoa humana como um todo variado e complexo, daí procurando trabalhar suas potencialidades infinitas, recusando deter seu olhar em aspectos isolados, um sinal, um rótulo apenas. Pudesse o espírito que move os Alcoólicos Anônimos ser internalizado por outros grupos de pessoas, em escala planetária, segura mente não teríamos a guerra, a fome, a miséria. Dom Helder Camara Arcebispo Emérito de Olinda Recife Revista Vivência nº 25 Jul/Ago/Set 1993 |